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19:47:00

Iguais, porém diferentes

(por Luciano Silvestre)

Hoje, voltando do cinema de trem, presenciei uma cena no mínimo chocante: um homem, sem calçados e com roupas sujas e rasgadas, pedia desesperadamente algo para comer. O que mais me chamou a atenção foi que, diferente de muitos outros, ele não pedia dinheiro. Ele clamava por comida.

Essa cena me fez perceber como ainda estamos longe da igualdade social em nosso país. Ao mesmo tempo, uns têm muitos. Outros, ainda não sabem o que irão comer na manhã seguinte. E enquanto isso no Senado, brigas e mais brigas, podres e mais podres.

Sei que o Brasil tem uma grande extensão, mas também sei, principalmente, que cenas como esta que presenciei acontecem diariamente e em vários locais. Isso só me dá a certeza de como nós, seres humanos, somos tão atrasados. Não conseguimos perceber problemas excessivamente nítidos.

Mas se conseguimos enxergar os problemas, somos impotentes ao ponto de eleger políticos a nível destes que hoje tanto roubam. Sim, somos impotentes. Não somos capazes de escolher nem quem deveria ser nosso representante. É triste, mas é a realidade.

Não sei de onde aquele homem que pedia comida é, não sei seu nome muito menos sua idade. Mesmo assim, esse post é dedicado à ele, que humildemente clamava por comida em vez de roubar, como muitos (que têm tudo para comer e ainda usam terno e gravata) fazem.
20:28:00

Prioridades mal-traçadas...

Já faz algum tempo que li algo sobre uma pesquisa indicando que o estado do Rio Grande do Sul é o estado que menos investe em eduação, se eu não estou errado esta pesquisa foi publicada no Jornal Zero Hora em meados de julho deste ano. O que eu mais reflito neste momento é: que diferença isso faz neste país?

Somos um país que investe pouco em educação, seja lá onde for. Pagamos as taxas mais absurdas para sustentar os parlamentares do país e nada melhora neste país. Não importa se estamos no Acre, no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, onde for, temos sérios problemas em Educação. Escolas sem infra-estrutura, professores sem conhecimento suficiente (existem professores que não conhecem a forma padrão de nossa língua), escolas absolutamente abandonadas às traças e ao mofo, estes são locais onde poderiam ser formados grandes profissionais e estão largados, esperando a degradação.

Se pensarmos, nós somos culpados, por permitimos coisas como estas, entretanto, a sociedade nos aliena, nos afasta dos problemas e nos esconde de tudo que é mais importante, o nosso próximo. Até quando veremos cérebros com perspectivas enormes e futuro promissor nas mãos acabar nas mãos do tráfico de drogas, por não haver outras opções? Até quando seremos um país que paga impostos e não vê o retorno através de serviços para a sociedade como um todo?

Quantos parlamentares dirão que nós não os podemos julgar? Até quando acharemos bonito os cérebros que trabalham fora do país e não nos orgulharemos com os maiores gênios que trabalham em nosso território. Entretanto, do jeito que está, não produziremos novas mentes brilhantes tão cedo...

Reflita comigo: o que é melhor: investir em escolas ou presídios? Ter operários de qualidade ou ter que pagar para vir do exterior? Exportar produtos de qualidade ou apenas matéria-prima?
Gostaríamos de saber o quê vocês pensam sobre isso.
12:44:00

As 2 opções.

(por .Fe.Mazi)

Vivemos numa realidade problemática. Isso é um fato. Um fato óbvio. Mas o que isso quer dizer? Por problemática, entende-se que vivemos uma realidade onde não temos respostas pra nada. Os fatos da vida nem sempre possuem sentido ou lógica. Como entender um acidente, uma tragédia? Como compreender a morte e seu porquê? Vontade de Deus? Um incontornável acaso? O rumo natural que a vida deve seguir? Consequência de nossas escolhas?

Cada um possue uma visão e uma opinião, seja essa influenciada por uma religião, uma filosofia, pelo histórico de vida da pessoa, por sua cultura, sua criação... enfim, cada indivíduo é partidário de um pensamento.

Mas independente disso, podemos resumir em duas as opções que temos. Podemos contemplar a realidade problemática com olhos de fundo positivo ou negativo.

Exponho aqui outro fato: estamos todos na mesma barca. Partilhamos da mesma realidade, seja qual for nossa opinião e filosofia, nessa barca existem aqueles que acreditam que chegaremos em algum lugar e outros que essa barca não tem destino algum.

Crentes ou não, estamos juntos nessa barca. Nossas duas opções consistem em acreditar que há algo para além da barca ou não. Dentro disso estão os ateus, os agnósticos e os crentes. Aqueles que negam, aqueles que não negam nem afirmam, e aqueles que afirmam. Mas afirmam ou negam o que? Bem, poderíamos resumir numa única palavra: Deus. ( e aqui tomo "Deus" no sentido mais amplo que a palavra permite.)

Finitude ou infinitude? Haverá consequências para além dessa vida ou podemos resumir tudo no famoso bordão, "aqui se faz aqui se paga!".....?

Mas talvez ainda exista uma terceira opção, a meu ver uma ingrata e insuficiente opção, mas ainda assim uma opção.
O melhor é não pensar pois isso angustia, o melhor é aproveitar. (Carpe Diem!)
20:06:00

Premiação

Em nome dos escritores deste blog, agradeço a todos os visitantes e leitores que por aqui passam. Sem dúvida, escrever para vocês é algo muito especial. Lembro-lhes que o real objetivo de nossos textos é fazer com que nossos leitores reflitam um pouco mais sobre a vida, sobre o mundo, sobre os fatos cotidianos...

Gostaria de compartilhar com todos vocês um prêmio recebido pelo A Arte de Refletir, indicado pelo amigo blogueiro Plínio, do blog Jornaleiro de Plantão.

Seguindo as regras, devo indicar 10 blogs que merecem o selo. E aí estão:
12:55:00

As barreiras para educar

(por Luciano Silvestre)

Um dos maiores problemas encontrados por pais e professores é educar. Seja crianças ou adolescentes, a dificuldade é bastante semelhante. Mas por que essa dificuldade vem aumentando com certa frequência? Essa resposta é bastante polêmica, mas apresento minha visão logo abaixo.

A geração de jovens com que hoje convivemos sofre de um problema grave, chamado tecnologia. A modernidade nos trouxe muitos benefícios, mas quando o uso da tecnologia acontece em excesso, acaba se tornando prejudicial.

Os adolescentes, principalmente, estão conectados ao mundo virtual excessivamente. São milhares de novas informações por segundo (veja o post Alienar-se dos outros). E isso está criando uma sociedade cada vez mais independente.

E essa sociedade mais independente não admite receber ordens. Estamos nos tornando cada vez mais autoritários, porém não aceitamos ordens e muito menos quem tentamos ordenar. Seja bem-vindo(a) ao mundo independente, onde o próximo só existe para ser explorado.

Pergunta do dia: Para você, o que deixa difícil educar os jovens?
16:12:00

Dia do Folclore

(por Luciano Silvestre)

A palavra folclore vem de Folk, povo em inglês, e klore, conhecimento. A atual grafia aparece desde a reforma ortográfica de 1934. De modo geral, podemos entender que o folclore está relacionado ao conhecimento popular. À este conhecimento se juntam a língua, os costumes, a religiosidade e a alimentação de uma nação.

Durante todo o mês de agosto, festas com temas ligados ao folclore acontecem em todo o Brasil, relembrando lendas e mitos, tais como Boitatá, Lobisomem e Saci. Vale lembrar que esses mitos são transmitidos de gerações para gerações, há décadas!

Termino este breve texto com uma pergunta à você, caro leitor: será que hoje, na era da informação, as crianças dão o mesmo valor à cultura como os povos mais antigos? Sua opinião é muito bem-vinda.
00:26:00

O antigo "Pão e Circo", hoje, no Brasil

(por Ádames Tadeu L. Junior)

Como é lindo ver os torcedores cantando nos estádios "Eu sou brasileiro,
com muito orgulho, com muito amoooooooor", não é? Ou então, ver o Jogo
da Liga Mundial de Vôlei, na qual todos os brasileiros cantam o final do
hino, já que a FIVB limita o hino a 45 segundos, não é realmente lindo?
Não podemos negar que nestas situações, eu tenho orgulho de ser
brasileiro, na qual podemos nos orgulhar por termos um povo alegre e que
nunca desiste. É realmente incrível como o brasileiro, com o número de
problemas que tem, vive sorrindo.

O problema é que, de alguma forma a população brasileira está alienada
com a política e a situações que fazem a vida de todo brasileiro piorar.
Como exemplo, temos o caso do "excelentíssimo" Senhor José Sarney,
Presidente da Câmara, que comprou centenas de propriedades com o nosso
dinheiro, dinheiro que sai de nossos bolsos a cada bem que compramos,
todos os dias colaboramos com esta pilantragem sem tamanho. Para
protestar, alguns estudantes foram até o prédio da Câmara de forma digna
protestar para que este homem renunciasse ao cargo, mas foram
repreendidos pela polícia e ninguém viu essa notícia como manchete do
Jornal Nacional.

É a velha história romana do "Pão e Circo", temos futebol e Bolsa
Família e não queremos mais saber informações necessárias para nossa
vida e isso facilita ao governo a liberdade de corromper o sistema, que
nada mais é do que nosso sistema, vivemos em uma democracia. Até quando
nos indignaremos com a briga entre Igreja Renascer/Rede Record e Rede
Globo e deixaremos a nossa política de lado. Deixaremos aqueles homens,
que um dia, nós os colocamos lá para responder por nós roubarem o nosso
dinheiro. Isso é traição, estamos sendo friamente apunhalados pelas costas.
Pessoal, vamos ver em quem votamos para que coloquemos pessoas que
possam, dignamente, responder por nós e colocarmos no mínimo para quem
ao menos se preocupe pelos projetos de lei que estão para ser votados
entre a Câmara. Porque deste jeito, não dá mais.
11:17:00

Alienar-se dos outros.

(por .Fe.Mazi)

Tenho lido com atenção as reflexões de nossos ilustres visitantes aqui do blog e, por esse motivo resolvi postar sobre um assunto que acredito estar meio que em pauta por aqui.

Normalmente o termo alienado é usado para descrever um sujeito, que encontra-se alheio aos acontecimentos á sua volta. Não sabe da tragédia acontecida, da política nem do tempo, não se informa e não defende nenhuma postura, exatamente porque não tem opinião, consequência da falta de informação. Vive em seu mundo particular e apenas nele.

Pois bem, o problema é que, o que temos visto ultimamente é um efeito quase que inverso, uma alienação no sentido inverso por assim dizer. Graças ao milagre da informação globalizada, chamado Internet, recebemos toneladas de informações, somos de fato bombardeados por ela.

Hoje não mais se pode falar que os jovens não estão informados, que não sabem da política, que não entendem a cultura de outro país. Não, eles estão super informados, muito bem localizados. Mas isso é bom? Ou melhor, há somente pontos positivos nessa "evolução" que a net nos presenteou?

Vejo dois pontos negativos nisso. É impossível digerir tamanha quantidade de informação, ou seja, compreender, assimilar e formar um ponto de vista. Quando começamos a refletir sobre uma informação, 10 outras já estão chegando. É a velha história de quantidade não é qualidade.

Segundo e mais grave ponto. Estamos alienados dos outros, do contato físico, de um beijo, um abraço, um olhar, de "jogar pião na rua". Posso estar sendo extremista, mas as vezes a minha impressão é que em muitos casos, a atividade física de uma criança se restringe ao Nintendo Wii. Recebemos muita informação exterior, mas não partilhamos nosso interior com ninguém. Olhamos no teclado e não nos olhos de alguém ao conversar. Penso que essa alienação seja mais grave do que a falta de informação ou o estar alheio á esta.
13:05:00

40 anos de Woodstock

(por Luciano Silvestre)

Há quarenta anos atrás, o maior festival de música tinha início em Nova York. Era o Woodstock. Os folhetos espalhados pela cidade rural de Bethel convidavam as pessoas para os três dias de música. Era um fim de semana chuvoso, mas mesmo assim vários músicos famosos marcaram presença no evento.

Os organizadores planejavam receber cerca de 200 mil pessoas. No entanto, não foi bem isso que aconteceu. Quase meio milhão de apaixonados por música compareceram ao evento. As cercas da fazenda foram destruídas e o festival tornou-se gratuito. Foi um sucesso absoluto.

Acima você conferiu um pouquinho sobre o que foi o Festival de Woodstock. Mas agora trago um questão polêmica, até certo ponto: Será que hoje, em 2009, nós conseguiríamos reunir tantas pessoas dessa maneira pacífica? Você acredita que as redes de relacionamento virtual vêm tomando o lugar desses eventos? Se sim, evoluímos para melhor ou estamos acabando com a convivência em sociedade? Deixe sua opinião.
18:35:00

De volta à rotina

(por Luciano Silvestre)

A Secretaria de Saúde de São Paulo adiou o retorno às aulas para o dia 17 de agosto. Por conta da nova gripe, que continua fazendo vítimas no Brasil e no mundo, os alunos ganharam mais duas semanas de recesso.

A medida foi tomada porque era realmente necessário, para evitar que os casos da gripe H1N1 se multiplicassem ainda mais. Mas as duas semanas de prorrogação estão chegando ao fim e o placar continua o mesmo: novos casos e vítimas aparecem diariamente nos noticiários.

Acredito que nós, cidadãos, não devemos parar nossa vida e mudar radicalmente nossa rotina (salvo exceções) por uma gripe que, de repente, tornou-se epidemia no globo inteiro. Não devemos mudar, mas nos policiar.

Portanto, chega de adiar compromissos e obrigações. Não podemos mais fugir da realidade, estamos presos à ela. Mas para que tudo isso aconteça com segurança, é nosso dever estar atentos a algumas precauções que devem ser tomadas:
  • Lave as mãos constantemente, especialmente quando chegar à escola e após o intervalo;
  • Não compartilhe objetos pessoais;
  • Se apresentar algum sintoma de gripe, não vá à escola; procure um posto médico.
11:13:00

Quem vendou a justiça....?

Amigos e amigas, comemoramos no dia de hoje, entre outras coisas, o Dia do Advogado, ou seja, aquele que advoga, que defende, que intercede por outrem. E faz isso dentro do sistema conhecido como judiciário, que pratica a justiça. O advogado então baseia-se na justiça.

Falemos então de nossa estranha amiga, digo estranha pelo fato de que o conceito que temos do que é a justiça parece não proceder na prática da coisa. Não é de hoje que, passamos a aprender ás duras penas, que o mundo teórico é perfeito enquanto só existe na teoria.

De maneira simples, por justiça entende-se o respeito à igualdade de todos os cidadãos. Em Roma, na estátuta da Justiça, são visíveis os aspectos que a devem caracterizar: cega, pois deve ser isenta e imparcial; a balança, pois deve ter discernimento para avaliar as provas apresentadas; a espada, para exercer o poder de decisão.

A realidade tem nos convencido que a venda nos olhos da justiça não foi colocada por ela mesma para se isentar dos lados, julgando todos como iguais, mas sim que ela foi vendada por alguém, e nesse alguém podemos elencar atualmente uma enorme lista de candidatos.

Como entender a lama de corrupção na qual estamos chafurdados? Mais ainda, como fazer algo? Ou melhor, é possível fazer algo?

Esse pequeno post visa angariar comentários, sugestões, ideias, desabafos...... Faça o seu....!
10:42:00

Segundo Freud.... (2º post)

(por .Fe.Mazi)

Segundo Freud, o próximo requisito cultural que se torna necesário é a justiça, ou seja, encontrar meios para garantir que a ordem jurídica estabelecida não seja quebrada para favorecer a um indivíduo ou grupo. E nesse momento não posso deixar de mencionar, em vista da situação política de nosso país, como tais meios para estabelecer a justiça estão corrompidos.

Enfim, o resultado de tal processo seriam as renúncias que os homens devem fazer, sacrificando suas satisfações pulsionais para alcançar certa regulação nos vínculos entre os homens. Em compensação, ninguém seria vítima de qualquer tipo de violência, ou de dominação.

Tendo em vista tais argumentos, vemos que o desenvolvimento cultural impôs aos homens certa limitação de sua liberdade. "A liberdade individual não é um patrimônio da cultura" - conclui Freud.

Uma das bases sobre a qual se edifica a cultura é a repressão da sexualidade. Assim, diz Freud, a cultura se comporta em relação á sexualidade como um povo que submete outro para explorá-lo. A sociedade então impõe exigências na vida sexual, tratando uniformemente os indivíduos, sem levar em conta as desigualdades na constituição sexual inata aos seres humanos.

E não é apenas a sexualidade que é reprimida, mas também a agressividade. De acordo com Freud, os impulsos agressivos fazem parte da natureza humana. A contenção da agressividade é buscada promovendo-se a identificação entre os homens, pela criação de vínculos amorosos de meta inibida entre eles e a partir da limitação da vida sexual. No entanto, a própria cultura reserva a si mesma o direito de exercer violência sobre aqueles que desobedecem suas leis.

Concluindo, tanto os impulsos agressivos quanto os sexuais são parte integrante da natureza humana, e não podem ser totalmente suprimidos como se não existissem. A limitação das possibilidades da satisfação de tais pulsões de vida, como diria Freud, produz um inevitável mal-estar, dependendo da capacidade de cada indivíduo de suportar a renúncia que lhe é exigida.
Freud termina seu texto com as seguintes palavras: "Hoje os seres humanos levaram tão longe seu domínio sobre as forças da natureza que com o seu auxílio será fácil exterminarem-se uns aos outros, até o último homem. Eles sabem disso e daí resulta boa parte da inquietude contemporânea, de sua infelicidade, de sua angústia."
11:32:00

100ª postagem

(por Luciano Silvestre)

É com grande satisfação que hoje publicamos nosso centésimo texto. Por isso, vamos relembrar alguns momentos do blog.

Nossa história começou no fim de 2008. Mais precisamente, em dezenove de dezembro publicamos o primeiro texto. De lá pra cá, muitas mudanças passaram por nossas páginas.

Inicialmente tínhamos poucos textos e não havia um cronograma muito certo de atualizações. Mas com o passar do tempo fomos nos aprofundando na blogosfera. Mais postagens, comentários parceiros, colaboradores e ideias.

É visível que evoluímos bastante durante esses oito meses de A arte de refletir, mas nós ainda queremos mais. Queremos realmente acrescentar algo a mais na sua vida e refletir com você sobre o mundo.

Agradecemos de coração todos aqueles que passaram por aqui. Somente o incentivo de todos vocês, lendo e comentando, é que nos faz manter este espaço aberto. Muito obrigado, internautas!
20:34:00

Memórias de um morador de rua

(por Luciano Silvestre)

Era manhã de um domingo. O sol parecia estar com preguiça cruzar o céu. E o vento ficava cada vez mais gelado. Sob aquele viaduto, trapos de pano eram o meu cobertor e algumas roupas velhas e enroladas serviam-me como travesseiro.

De repente, com a visão um quanto embaçada, vi que a figura de uma pessoa se aproximava de mim. Ela chegava cada vez mais perto mas... era estranho! Eu não conseguia identificar se era um homem ou uma mulher! Só sabia que a sombra vinha em minha direção...

Em poucos segundos essa pessoa estava a falar comigo. Sem entender o que acontecia, eu respondia aos monólogos e quase não conseguia olhar para ela. Uma luz muito branca irradiava do ser que estava à minha frente. Confesso que nunca tinha passado por aquilo e nem visto algo parecido. Era tudo diferente, e assustador.

Alguns minutos depois, eu estava caminhando ao lado dessa pessoa e entrando em um luxuoso veículo, todo preto e vidros escuros. Se mamãe souber onde estou, ela vai me matar. Pensei comigo mesmo. Mas a fome talvez falara mais alto quando a pessoa ofereceu-me um café da manhã em sua casa.

E eu continuava sem entender o que acontecia. Durante o caminho, o silêncio reinava dentro daquele carro. Pela janela, fechada, via mais pessoas dormindo sob aquele longo viaduto. Alguns tão imóveis que pareciam congelados pelo frio da madrugada.

O carro entrou no estacionamento de um prédio elegante, alto e bonito. Fiquei encantado. Era tudo ainda mais diferente. A pessoa levou-me até um elevador para subirmos ao seu apartamente. Fiquei receoso, nunca havia entrado em um daqueles. Os poucos segundos dentro daquele pequeno espaço parecia uma eternidade.

Finalmente chegamos, saímos e entramos no apartamento. Mas de repente... era tudo um sonho! Acordei e descobri que era ilusão! Percebi que aquela pessoa boazinha dificilmente existe e, se existe, com certeza não olha para pessoas como eu.. É triste. Mas é a realidade.
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